"...Um endereço igualmente importante, mas até agora pouco lembrado, é o da Rua Jaceguai, 27, próximo à Praça Varnhagen, no tradicional bairro da Tijuca. Ali existiu uma casa de dois andares, alugada ao psiquiatra Aluizio Augusto Porto Carreiro de Miranda, em 1961. Ex-violonista profissional, ele realizava rodas musicais com gente da velha guarda, como Bororó, Donga e Nássara, que era também um grande cartunista. Em 1966, suas filhas adolescentes passaram a convidar os amigos e colegas de colégio. Pouco a pouco, os saraus foram atraindo cada vez mais jovens e a casa acabou se tornando berço do MAU (Movimento Artístico Universitário), que daria projeção a nomes importantes da canção brasileira, como Aldir Blanc, Eduardo Lages, Gonzaguinha, Ivan Lins, Marcio Proença e muitos outros. Mesmo com a importância histórica reconhecida, a antiga construção seria demolida em 2014, para dar lugar a um edifício de apartamentos. Mas a memória dos frequentadores resiste no tempo. Bom que se diga que a turma da Tijuca integrante do grupo de rock Sputniks – formado por Tim Maia, Wellington Oliveira, Erasmo e Roberto Carlos – nunca cruzou com o pessoal que frequentava a velha casa. O gosto musical dos dois grupos era bem diferente. Uma personagem ativa nos saraus da Jaceguai foi Leila Affonso, que guardou um grande acervo daquela época e sempre sonhou publicar suas memórias. Depois de lançar a biografia Vandré – O homem que disse não, em 2015... Escrito a quatro mãos, Jaceguai, 27, revela os bastidores daqueles encontros, revisita seus personagens e resgata um importante capítulo na história da MPB". Jorge Fernando dos Santos