João Vicente viveu sempre entre o céu e o inferno. No exílio, que segundo seu pai é uma invenção diabólica, ele aprendeu a lidar com a solidão e a buscar companhia entre anjos e demônios. Seus versos mais fortes são justamente aqueles que foram escritos na língua do exílio, o castelhano. São imagens de lembranças passadas longe de uma pátria que não conhecia. Imagens que refletem o amor adolescente, a insatisfação frente a uma realidade marcada pela injustiça social e, sobretudo a necessidade de compreender sua própria solidão. Escrever poesia é um ato de coragem, porque só através da poesia é que nos desnudamos, abrindo a alma e transformando palavras em formas subjetivas. COI LOPES DE ALMEIDA