A cada conto aparentemente despretensioso, narrado em contexto urbano ou recheado de regionalismos em reverência a Guimarães Rosa, sentimos como se o autor nos quisesse incutir uma semente de reflexão, fazer-nos imergir para além das superficialidades sobre as quais nossos frenéticos olhos surfam. Por vezes, através de um humor elegante, Cyrino nos faz repensar nossa condescendência ante os despautérios do sistema. Em outros contos, são as confissões constrangedoras de seus personagens que nos incitam a rever valores e encarar o próprio cinismo e preconceitos. Não raro, desaceleramos e até fazemos pausas voluntárias, não tão somente para tentar tatear os cenários e antever os enredos que rapidamente nos abstraem, mas para, em tempo real, vislumbrar o que a viagem produz em nós mesmos. Cirineu Pereira